A atividade produtiva da China se expandiu em outubro pela primeira vez em três meses, puxada pela alta nos pedidos domésticos e de exportações, em um indício de que a segunda maior economia do mundo começa a se estabilizar depois de sete trimestres seguidos de desaceleração.

O Índice de Compra de Gerentes (PMI na sigla em inglês) calculado pelo governo ficou em 50,2, ultrapassando a marca dos 50 pontos que separa contração e expansão da atividade produtiva. No mês anterior, o resultado havia sido de 49,8.

“Apesar da reação, nós não antecipamos uma forte recuperação do crescimento nos próximos trimestres”, avaliou Dong Tao, economista-chefe do Credit Suisse para a Ásia (menos o Japão). Segundo ele, tudo indica que o governo não adotará medidas amplas de estímulo no curto prazo nem será agressivo na política monetária.

O cenário mais provável, na avaliação de Dong, é o de estabilização do crescimento e avanço em reformas estruturais, que são importantes para o aumento do investimento privado. Entre elas, o economista cita cortes nos impostos pagos pelas empresas e abertura do setor de serviços ao capital privado. Mas ambas as mudanças “demandarão tempo e exigirão forte vontade política”, ponderou Dong.

A economia chinesa cresceu 7,4% no terceiro trimestre, o mais baixo índice desde o começo de 2009, no auge da crise financeira global. A expectativa dos analistas é que o ano feche com expansão entre 7,5% e 8,0%, no que será o menor patamar em 22 anos.

Outro indicador de atividade produtiva elaborado pelo HSBC também mostrou uma situação mais positiva em outubro, ainda que continue abaixo de 50 pontos. Mais focado no setor privado e em pequenas empresas, o PMI do HSBC ficou em 49,5 pontos, depois de registrar 47,9 em setembro.

Na semana que vem, o governo vai divulgar os dados econômicos relativos ao mês passado. A economista-chefe do UBS na China, Wang Tao, espera que os números indiquem que o país caminha para uma “modesta recuperação”. Sua expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) registre alta de 7,5% em 2012 e de 7,8% no próximo ano.


Fonte: O Estadão, 02/11/2012.