
Retomada da demanda chinesa e aumento do preço do minério de ferro devem melhorar mercado em 2013.
Um ano com todas as emoções a que se tem direito. Assim foi 2012 para as mineradoras. Demissão de CEOs, retração na demanda, adiamento de projetos e revisão de orçamento fizeram parte da pauta das empresas no Brasil e no mundo. Mas aos poucos o sol volta a brilhar no horizonte e a chegada de 2013 deve trazer um período menos tumultuado para as empresas.
Para Pedro Galdi, analista da SLW, o desempenho menos dramático da economia mundial e a manutenção do crescimento chinês em cerca de 8% devem contribuir para a melhora do cenário. “Nossa expectativa é de que a tonelada do minério de ferro fique entre US$ 120 e US$ 130
no próximo ano”, diz.
Ano de revisão
Impactada pela retração da demanda chinesa por aço — cuja matéria prima é ominério de ferro — e oscilação do preço do produto no mercado internacional, em outubro, a Vale anunciou queda de quase 60% em seus rendimentos durante do terceiro trimestre.
Diante desse cenário, a companhia anunciou a revisão de seus projetos para focar esforços em ações prioritárias, especialmente nas operações de minério de ferro, principal negócio da mineradora. No início de dezembro, durante a conferência anual da companhia em Nova York, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, explicou que a equipe está focada em realizar uma mudança de verdade na empresa, “que ficou alguns anos, desde 2006/2007,praticamente sem investir no negócio principal, que é minério de ferro”. Para ele, “esse novo período significará crescimento, mas crescimento com qualidade”.
Como parte da transição, a companhia estuda se desfazer de ativos que não considera prioritários. Especula-se que a Vale deve vender sua participação de 31% na Log-In Logística Intermodal SA, empresa especializada em operar navios costeiros com contêineres, que mantém um porto em Vitória (ES), além de uma frota de caminhões e áreas operacionais.
A venda seria uma alternativa da Vale para angariar recursos para os investimentos prioritários da companhia. Estima-se que a participação da companhia na empresa de logística valha algo em torno de R$ 217 milhões.
Em agosto, a BHP também anunciou o adiamento dos invest imentos de US$ 20 bilhões no projeto Olympic Dam — quarto maior depósito de cobre do mundo — após registrar queda de 35% no lucro do segundo trimestre, a primeira retração dos resultados da empresa em três anos. As retrações da indústria e do setor de construção civil tiveram forte impacto sobre os negócios da companhia, que só voltará a aprovar grandes projetos no segundo semestre de 2013.
No fim de novembro, a Barclays afirmou em relatório, que o mês tinha sido positivo para a maioria das companhias, com exceção da Anglo American. Enquanto a Vale obteve a licença para expandir a ferrovia de Carajás (PA) e a BHP concretizou a venda da Ekati, a Anglo relatou excesso de custos em seu projeto MinasRio. Na sede da companhia em Londres, a pressão de acionistas culminou na saída da CEO Cynthia Carroll. Por enquanto, a Anglo American não
anunciou o novo executivo.
Por outro lado, a mineradora obteve avanços no MinasRio, que é seu principal projeto de exploração de minério de ferro. Há poucos dias, o Ibama emitiu a liberação para a companhia construir sua linha de transmissão de energia elétrica na planta de beneficiamento. A empresa também conseguiu reverter as três liminares emitidas pelo Ministério Público e que haviam paralisado a implantação do projeto.
Fonte: Brasil Econômico