A Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) enriqueceu, nos últimos dois anos, cerca de 4,5 toneladas de urânio – o suficiente para atender 20% das necessidades da próxima recarga de combustível de Angra 1.
A produção desse material consolida a posição obtida pela empresa entre as poucas que dominam, em todo o mundo, a tecnologia de enriquecimento de urânio para fins pacíficos.

A intenção da empresa é, no futuro, suprir as necessidades de urânio enriquecido para os reabastecimentos de combustível das três usinas nucleares brasileiras.

Para isso, contudo, serão necessários novos investimentos para ampliar as instalações existentes. É como se a empresa já tivesse a receita do bolo, mas seu forno ainda fosse pequeno para atender à demanda.

Atualmente, a INB extrai o urânio em minas localizadas em Caetités, no estado da Bahia. Na usina de beneficiamento o urânio é extraído do minério, purificado e concentrado sob a forma de um sal de cor amarela, conhecido como “yellowcake”, matéria prima para produção da energia gerada em um reator nuclear.

O passo seguinte, a conversão, é feito atualmente no exterior por motivos econômicos – o Brasil já domina a tecnologia, mas é mais barato fazer fora do país.

Nessa etapa, o urânio, sob a forma de yellowcake, é dissolvido e purificado, obtendo-se então o urânio nuclearmente puro. A seguir, é convertido para o estado gasoso, o hexafluoreto de urânio.

A operação de enriquecimento do urânio tem por objetivo aumentar a concentração do urânio235 acima da natural – o urânio natural contém apenas 0,7% de urânio235 – para, em torno de 3% permitir sua utilização como combustível para geração de energia elétrica.

Atualmente, o processo de enriquecimento é efetuado no exterior e enviado em contâineres para a Fábrica de Combustível Nuclear.

A partir daí, o processo é todo feito no Brasil: o hexafluoreto de urânio (UF6) é transformado em dióxido de urânio (UO2). O nome dessa etapa é Reconversão: é o retorno do gás UF6 ao estado sólido, sob a forma de pó de dióxido de urânio (UO2).

Depois da reconversão, o dióxido de urânio é transformado em pastilhas. Essas pastilhas são montadas para formar o elemento combustível.

O elemento combustível é um conjunto de 235 varetas combustíveis – fabricadas em zircaloy – rigidamente posicionadas em uma estrutura metálica, formada por grades espaçadoras; 21 tubos-guias e dois bocais, um inferior e outro superior.

Nos tubos-guias são inseridas as barras de controle da reação nuclear. Antes de serem unidas a estes tubos por solda eletrônica, as grades espaçadoras são alinhadas por equipamentos de alta precisão.

A solda das extremidades das varetas se dá em atmosfera de gás inerte e sua qualidade é verificada por raios-X.


As pastilhas de urânio, antes de serem inseridas nas varetas combustíveis, são pesadas e arrumadas em carregadores e secadas em forno especiais. Simultaneamente, os tubos de zircaloy têm suas medidas conferidas por testes de ultra-som e são minuciosamente limpos.

Só então as pastilhas são acomodadas dentro das varetas sob a pressão de uma mola afastada do urânio através de isolantes térmicos de óxidos de alumínio.

Expansões

Além de precisar investir para aumentar a capacidade de produção da fábrica de Resende e assim atender à demanda gerada pelo parque nuclear brasileiro, a INB precisa também aumentar a produção de urânio em suas minas: os planos são de duplicar a produção de Caetités, de 400 para 800 toneladas anuais e colocar em operação a mina de Santa Quitéria, que tem capacidade de produzir 1,2 mil toneladas anuais.

Fonte: Diário do Vale

20/06/2012 – 15:16:59